ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 01.08.1989.

 


Ao primeiro dia do mês de agosto de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Primeira Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada a homenagear a Direção, Atletas e Funcionários do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, pela conquista do Pentacampeonato Gaúcho de Futebol. Às dezessete horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Na ocasião, foi ouvido o Hino do Grêmio. Compuseram a MESA: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro, Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense; Sr. Flávio Obino; Sr. Rafael Bandeira dos Santos; Sr. Hermínio Bittencouthr; Srª. Ema Coelho e Sr. Cláudio Duarte, respectivamente, Presidente do Conselho Deliberativo, Vice-Presidente de Futebol, Diretor do Museu e Sala de Troféus, Secretária-Geral e Técnico da Equipe do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense; Ver. Wilson Santos, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Cyro Martini, em nome das Bancadas do PDT e do PDS, discorreu sobre a história do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense e do Sport Club Internacional, dizendo ser a presente homenagem o merecido reconhecimento da importância do futebol gremista para o esporte gaúcho e nacional. O Ver. Airto Ferronato, em nome da Bancada do PMDB, congratulou-se com o Ver. Wilson Santos pela proposição desta solenidade. Saudou o clube homenageado pela conquista do Pentacampeonato Gaúcho de Futebol, destacando o trabalho por ele desenvolvido em prol do nosso esporte. O Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB, registrou o significado da conquista do Pentacampeonato Gaúcho de Futebol. Fez um relato sobre a criação e o crescimento do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense até tornar-se um dos maiores representantes do futebol brasileiro. O Ver. Omar Ferri, em nome das Bancadas do PSB e do PT, falou de sua satisfação por participar, como gremista, da homenagem hoje prestada pela Casa. Recordou os nomes de Volmir “Massaroca” e de vários jogadores que já integraram o Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense. Ainda, destacou os nomes de Renato Souza e de Fábio Koff. E o Ver. Wilson Santos, como proponente e em nome da Bancada do PL, falou dos motivos que o levaram, como colorado, a propor uma Sessão Solene pela conquista, pelo Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, do Pentacampeonato Gaúcho. Ressaltou ser sua meta proporcionar uma homenagem ao esporte, em especial ao futebol gaúcho. Solicitou à Verª. Letícia Arruda que procedesse à entrega de flores a Srª. Ema Coelho; ao Ver. Valdir Fraga que procedesse à entrega de Diploma ao Sr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro; aos Vereadores Omar Ferri e Cyro Martini, que precedessem à entrega de presentes aos Jogadores Mazaropi e Edinho. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro que, em nome do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, do Dr. José Carlos Mello D’Ávila, representando o Prefeito Municipal; do Jogador Alberto; dos Senhores Túlio Macedo, Regis de Freitas Lima e Luis Carlos Silveira Martins. Às dezoito horas e cinqüenta e três minutos, o Sr. Presidente convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem a Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Wilson Santos, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Wilson Santos, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Declaro aberto os trabalhos da presente Sessão Solene.

Falarão em nome da Casa os Vereadores: Airto Ferronato, pelo PMDB; Edi Morelli, pelo PTB; Omar Ferri, pelo PSB e PT e o autor da proposição, Ver. Wilson Santos, pela Bancada do PL.

Convido a assistirmos, de pé, à execução do Hino Tricolor.

 

(O Hino é executado.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, convidados, em especial, a Direção do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, a grande torcida, além da “máquina e garra”, estes que dão a força para os atletas e a Direção que fica no túnel. É com prazer que recebemos o Presidente do Grêmio, que está ao nosso lado, Dr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro.

Também é com prazer que recebemos o Presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Sr. Flávio Obino.

Todos são queridos e amigos. Parece mentira, mas é verdade. Meu colega do Colégio Rosário, Sr. Rafael Bandeira dos Santos, grande atleta.

Nosso Hermínio Bittencourth, o “Bitenca”, Diretor do Museu e Sala de Troféus do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Srª Ema Coelho, que gostaríamos de convidar para fazer parte da Mesa.

Nosso treinador, Sr. Cláudio Duarte, amigo de infância, técnico do nosso Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Atletas presentes, nosso grande arqueiro Mazaropi; nosso capitão Edinho; nosso Zequinha.

Como Presidente da Casa, como porto-alegrense e como gremista, mesmo que no tempo do Cláudio, andamos por perto do Juvenil do Internacional, é com muito prazer que nesta data de hoje, quando comemoramos o pentacampeonato do Grêmio, dirigimos a palavra à Direção Tricolor, porque sentimos e acompanhamos as dificuldades daqueles dias, não vou dizer negros, mas duros, tensos em que a direção do Grêmio e atletas se dirigiam a Vacaria. Imagino, conhecendo e gostando mais do futebol do que da própria política, aqui eu estou, não sei porque, talvez até pela amizade dos companheiros do esporte amador, na época do União-Erechim, hoje Nonoai Tênis Clube. Às vezes capitaneando a equipe e, talvez, por isso e por ser o Diretor Social do Clube, alguém olhou e disse: esse rapaz deve ser político. E, aí, surgiu. Então aos atletas, aos dirigentes, aos jovens que estão aqui liderando a torcida, quem sabe, vocês não pensam em política, mas, de repente, são os políticos que fazem uma política sadia e os atletas porque faz do esporte um esporte sadio assim como os senhores atletas. E à torcida feminina do Grêmio, àquela que fica nos pavilhões, e eu conheço muitas senhoras que chegam lá pela manhã trazendo os seus lanches. E os atletas, às vezes, Mazaropi, e eu acredito que vocês se dão conta disto, o Edinho, o Zequinha, Cláudio, eu dizia, quando o Grêmio foi campeão pela primeira vez, ao meu querido amigo Júlio Espinosa, uma vez fui surpreendido com isto, eles nem imaginam os amigos que eles têm anônimos, pessoas que rezam pelos atletas, pelo Grêmio, fazem preces. Isso aconteceu comigo como político e eu imagino que com vocês também.

Para não me alongar, porque nós temos os nossos oradores que, em nome da Casa, vão usar a palavra, eu quero cumprimentar todos os Srs. Diretores, do roupeiro ao nosso Presidente e que os atletas continuem com esta garra, com este amor, com este carinho, mesmo vindo de um outro Clube, mas, pelo o que eu sinto no Grêmio e na maioria dos atletas brasileiros, quando eles vestem uma camiseta, eles estão vestindo, naquele momento, a sua camiseta, a camiseta do seu coração. Ao homenagear o Mazaropi, eu estou homenageando os onze, ou dezoito, ou vinte e dois, eu não sei o grupo do Grêmio, porque, às vezes, um reserva entra no time, e a gente não tem esperança nenhuma, e ele se torna, naquele jogo, o melhor do time, depende muito do momento, do incentivo, da motivação que ele recebe; e às vezes, o melhor do time, o melhor batedor de pênalti que passa o mês inteiro tocando a bola lá, na última gaveta, expressão usada pelos jogadores, naquele dia ele bate o pênalti de calcanhar, e toca no meio do gol. Então cumprimentos ao grande Mazaropi, ao Edinho, ao Zequinha e todos os demais atletas que, por um problema ou outro, não estão aqui, recebam o nosso abraço, da Presidência da Casa, e dos demais companheiros que farão uso da palavra em nome da cidade de Porto Alegre. Começo concedendo com muito prazer, a palavra ao Ver. Cyro Martini que falará em nome da Bancada do PDT e do PDS.

 

O SR. CYRO MARTINI: Exmo Sr. Presidente desta Casa, Valdir Fraga, Ilmo Sr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro, Presidente do Grêmio, meus senhores, minhas senhoras, meus colegas, pares Vereadores, para a Bancada do PDT, a qual tenho a honra de pertencer e também para a Bancada do PDS que nesta oportunidade tenho a honra de representar, é motivo de larga satisfação, de alegria, de poder estar hoje, homenageando o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, eis que se trata de uma glória do desporto nacional e como tal merece a nossa homenagem, merece o nosso reconhecimento. Todos nós que de alguma maneira convivemos com o futebol amador ou profissional, na qualidade apenas de aficionado, ou até mesmo como praticante, aprendemos há muito tempo, conquanto até gremistas não sejamos, a respeitar o Grêmio Foot-Ball porque este é um dever moral nosso considerar o valor do Grêmio, uma satisfação, uma alegria. Todo o gaúcho tem que se orgulhar das suas duas grandes glórias. De um lado o Grêmio, o tradicional tricolor, o tradicional time do Olímpico e de outro o Esporte Clube Internacional que também é outra glória do nosso esporte. Nós que conhecemos o Grêmio da Baixada, lá daquele estádio cujo pavilhão foi trocado pelo Airton, que depois conhecemos onde hoje está este colosso, o Estádio Olímpico, ali na Carlos Barbosa, onde se localizava a Vila Caiu do Céu, já de lá viemos respeitando o Grêmio e admirando esta luta, este empenho. E o Grêmio e o Colorado não são apenas clubes de futebol, é a alma, constituem vida. É algo muito mais significativo, muito mais importante, tanto é que eles já conquistaram galardões, campeonatos nacionais. O Internacional dominou na década de 1970, Tri-Campeão; o Grêmio na década de 1980 tem o seu campeonato brasileiro, a Taça Libertadores da América, Campeão do Mundo, é um dos raros clubes que tem este título em todo o planeta. Então, não estamos quando falamos em Grêmio, falando numa agremiação pequena, estamos falando no gigante do futebol mundial. Eu quando conheci o Grêmio, no final da década de 1940, colorado, já ali nós aprendemos a respeitar, ali quando o Grêmio dispunha de jogadores da expressão de Júlio, Clarel, Joni, Touguinha, Teotônio, Hermes, Prego eles esbarraram, é verdade, na frente do Nena, parada 18, mas naquele ano o Grêmio foi campeão, cortou uma trajetória de 46 no Internacional, e depois cortou em 1949. Em 1950, o Internacional retomou, para posteriormente o Grêmio ter o seu momento estadual de maior significação quando o Grêmio se firmou de vez como Grêmio inclusive, porque ali ele era Porto Alegrense, mas ali ele passou a se firmar como Grêmio que hoje ele é conhecido, já o era, mas oficialmente era Porto Alegrense. Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Mas, no final da década de 1950, início da de 1960, começa um período de grande glória do Grêmio onde teve expressões como Airton, Ortunho, Alberto, Arlindo, Áureo e por aí vai indo, Elton que inclusive foi Vereador e Deputado, uma das linhas, um dos ataques mais poderosos que nós já tivemos dentro do cenário futebolístico gaúcho, contava com um ponta-direita, o Ercílio, o Marino, Gessi, Juarez - o famoso tanque, Milton - hoje dentista; foi Vereador se não me engano, e Vieira que deve até hoje praticamente jogar o mesmo que jogava então. O Grêmio é uma tradição, uma glória dentro do nosso esporte gaúcho. É nacional, é da América e o é do mundo. E assim nós temos a honra e a alegria grande de abraça-lo, de felicitá-lo, não pela conquista do pentacampeonato, porque isso é uma conquista passageira dentre as glórias do Grêmio, certamente ele terá oportunidade de festejar muito mais glórias. Hoje ele é nosso representante no campeonato que nesse torneio do qual participam os campeões e vice-campeões e certamente já estará garantindo para o Estado do Rio Grande do Sul uma participação, uma cadeira para a disputa da Libertadores da América. Isso para nós é muito importante. Nós gaúchos somos ou gremistas ou colorados, mas uma coisa nós temos que nos orgulhar, nós temos senão os dois mais importantes clubes brasileiros, nós temos dois dos mais significativos e importantes clubes nacionais que são a alma, que é gente. Nós que participamos desde o tempo da Colina Melancólica, da Chácara das Camélias, do Waterloo, da Timbaúva, que assistimos os jogos desacomodados, que torcemos pelo nosso time, não tínhamos condições de entrar, pulávamos, dava um jeito, passava por baixo do esgoto pluvial no Campo do Cruzeiro, então é uma alegria muito grande trazer o nosso abraço. Apenas quis, com isto, demonstrar que o PDT tem uma admiração e um respeito muito grande pelo Grêmio, assim como o PDS e quer trazer os dois Partidos, as duas Bancadas, o seu abraço pela conquista do pentacampeonato, sabendo que o Grêmio dará, ainda, muito mais razões para termos entre nós uma equipe como a do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, voltando a ser o campeão brasileiro, campeão da América e campeão do mundo! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Alberto, grande arqueiro do Grêmio e, também, do Dr. José Carlos Mello D’Ávila, Diretor-Presidente da EPATUR, representando nesta ato o Prefeito Olívio Dutra.

A escalação do Grêmio, hoje, é Mazaropi, Alfinete, Luiz Eduardo, Edinho e Élcio, Jandir, Cuca e Assis, na ponta direita Lino, Kita e Paulo Egídio.

Próximo Orador, Ver. Airto Ferronato, falará em nome da Bancada do PMDB.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Sr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro, Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Srª Ema Coelho, Secretária Geral, Sr. Cláudio Duarte, Técnico da Equipe do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Sr. Secretário, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. (Lê.)

É com grande satisfação que ocupo esta tribuna em nome da Bancada do PMDB com assento nesta Casa. Congratulo inicialmente com o Ver. Wilson Santos proponente desta justa homenagem, bem como parabenizo a Câmara de Vereadores de Porto Alegre que proporciona esta Sessão Solene ao Clube que sempre elevou o nome do Rio Grande do Sul, em sua trajetória de glórias, vitórias e realizações, seja a nível regional, nacional e mundial.

Vejo a Casa repleta de dirigentes e atletas, funcionários e administradores desta agremiação, o que bem demonstra sua grandiosidade, enobrecendo este momento.

Quero saudar o nosso glorioso homenageado, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, juntamente com sua diretoria, funcionários e atletas pela sua conquista do pentacampeonato gaúcho, desejando-lhes felicidades em sua luta na busca de novas vitórias dando alegrias a sua massa tricolor.

Esta homenagem é o reconhecimento da Câmara Municipal de Porto Alegre e da população da Cidade pelo trabalho que o clube desenvolve na área social, do esporte e do lazer, proporcionando momentos inesquecíveis aos seus torcedores em suas disputas desportivas.

Devemos ressaltar que a equipe gremista é uma das mais antigas do Rio Grande do Sul e do País, que no transcorrer dos anos sempre soube defender e perseguir os seus objetivo com tenacidade e perspicácia.

Temos plena certeza que todo os títulos conquistados dão a justa medida dos esforços conjugados das diversas administrações que se sucederam ao longo da história do clube.

Finalizando, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com grande alegria que o PMDB desta Casa abraça a família gremista compartilhando com todos a alegria desta significativa homenagem.

Desejo aos atletas pleno sucesso em suas carreiras profissionais e aos dirigentes do clube êxito na tarefa de dirigir os destinos do clube, erguendo cada vez mais a bandeira tricolor, para júbilo da nossa gente e da nossa terra gaúcha. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Edi Morelli pelo PTB, seu Partido.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente desta Casa, gremista Ver. Valdir Fraga; tio Bitenca, como carinhosamente é chamado na família gremista, Sr. Hermínio Bittencourth, Diretor do Museu e Sala de Troféus do pentacampeão; Srª Ema Coelho, Secretária Geral do pentacampeão gaúcho; Srs. Vereadores; atletas; admiradores; pessoal que empurra este time; pessoal das torcidas organizadas do pentacampeão gaúcho. É uma alegria muito grande para eu participar desta homenagem. Vejo com felicidade também a presença de dois grandes atletas de um passado não muito distante, o Alberto e o Zequinha, que tive a satisfação de vê-los jogando pela seleção de sênior: o Zequinha fazendo aquela jogada de linha de fundo que fazia em nosso grêmio.(Lê.)

Hoje, neste 1º de agosto de 1989, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em nome de todas as suas Bancadas, presta a sua homenagem ao Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, a sua diretoria, seus atletas e funcionários, pela conquista do pentacampeonato gaúcho, ocorrido no dia 18 de junho último.

Por isso temos a satisfação de registrar esta conquista, significativa e marcante deste clube, que traduz na sua história um triunfal passado de glórias, um presente de alegrias e um futuro de esperanças a outros títulos. Este é o Grêmio, que encanta e orgulha os gaúchos e, principalmente nós porto-alegrenses.

O pentacampeonato gaúcho foi daqueles títulos que se poderia chamar de “matando o secador”. Conseguir uma seqüência de conquistas do seu rival a chance que teria de se redimir perante a sua torcida. No Grenal decisivo a história manteve a cor azul dos últimos anos. A bola que parou nas mãos de Mazaropi rendeu sua homenagem ao pentacampeão.

O Grêmio construiu sua grandeza sob o sólido alicerce do idealismo de seus fundadores que foram: Augusto Koch, Guilherme Kallfelz, Carlos Luiz Boher, o primeiro Presidente gremista, Osvaldo Siebel, o segundo Presidente do clube, entre tantos outros no mês que ficou na história do tricolor. No dia 15 de setembro de 1903 estes homens, com entusiasmo e uma firmeza de propósitos, lançaram a pedra fundamental desta gloriosa agremiação.

O Grêmio foi fundado no antigo restaurante Dona Maria, localizado na Rua Dr. José Montauri, Centro da Cidade. Naquele dia 15 de setembro de 1903, nem todos os apontados como fundadores estiveram ao ato. Havia corrido uma lista antes e os que assinaram foram considerados também fundadores.

Esporte conhecido somente pela exibição que haviam feito os rio-grandinos na várzea, no dia 07 de setembro, o futebol não poderia ter outra divulgação a não ser aquela feita pelos próprios interessados. Havia na época dois focos de irradiação. Um. na alfaiataria Böher, na Rua dos Andradas, e outro na sapataria do Kallfelz, localizada no então beco do Rosário.

Nestes locais se encontravam os porto-alegrenses como eram conhecidos os tricolores. E nestes encontros eram programados os treinos. O primeiro foi efetuado no fim da linha da Glória ao lado do Morro da Polícia. Depois houve um ensaio na várzea do Gravataí onde hoje está o aeroporto Salgado Filho. Deste local foram para o quarto Distrito, depois para a Rua Dr. Timóteo e, finalmente, para a baixada do Moinhos de Ventos.

Cansados de mudar de lugar seguidamente um dia resolveram nomear uma comissão para a escolha de um local definitivo. Foi aí que compraram por 10 contos a área onde hoje se encontra o Estádio Olímpico Monumental, que era ocupado pela Vila Cai do Céu.

Nos seus 85 anos de fecunda existência, a evocação dos nomes das figuras liminares do Grêmio, seus feitos e seu trabalho, faz reviver a prodigiosa história deste clube, nascido sob a inovação do futebol simbolizado na bola que orna a bandeira tricolor.

Na verdade, se para as antigas gerações a história do Grêmio é feita de saudades, para as novas ela tem o sabor da descoberta de fatos integrados na vida esportiva, social, cívica e cultural da coletividade gremista. Coletividade que, hoje, não cinge a Porto Alegre, berço do clube, ou ao Rio Grande, como nos primeiros tempos, mas que povoa outras fronteiras do País e do mundo.

É que o Grêmio, na sua longa jornada de glórias, ultrapassou há muito os limites de seu Estado, e é mundialmente reconhecido como integrante destacado entre os grandes clubes.

Na década de 1980, quando o Grêmio completou 80 anos de fundação, quatro acontecimentos ficaram registrados na história do clube: a conclusão do Estádio Olímpico Monumental, o 1º título nacional e as duas maiores conquistas esportivas de todos os tempos - Campeão da América e Campeão do Mundo.

Para finalizar esta homenagem quero dar meus parabéns a diretoria do Grêmio, a seus atletas e também aos seus funcionários pela conquista do pentacampeonato.

Deveria encerrar aqui, mas quero acrescentar mais alguma coisa. Além dos jogadores do passado, falo nos jogadores do presente: Mazaropi, Edinho, seu treinador Cláudio Duarte, para quem com muita alegria, do Edinho apertei a mão pela primeira vez hoje, conhecendo-o pessoalmente. Mazaropi, Cláudio Duarte, Zequinha, esses três já os conhecia há bastante tempo, pois na Rádio Farroupilha, então Diários Associados, fui também repórter esportivo, e tive a satisfação, a alegria de entrevistar o Cláudio, Alberto e Zequinha muitas vezes.

E para encerrar: “a onça foi cutucada com vara curta”. Meu nobre Vereador Cyro Martini, a quem eu respeito muito e tenho grande admiração, os dois grandes clubes do Rio Grande do Sul, mas tem uma coisa, esse é meu e vocês terão que lutar muito para conseguir o título de Campeão do Mundo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri que falará pelo seu Partido, o PSB, e pelo PT.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Valdir Fraga, DD. Presidente da Câmara Municipal; prezado amigo Dr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro, Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense; Dr. Flávio Obino, meu prezado amigo; meu prezado amigo Hermínio Bittencourth, Diretor do Museu e Sala de Troféus e ex-Presidentes do Grêmio; Srª Ema Coelho, Secretária Geral do Grêmio Foot-Ball e prezado Sr. Cláudio Duarte, Técnico da Equipe do Grêmio; minhas senhoras, meus senhores, Srs. Vereadores, prezados representantes da heróica torcida do Grêmio, garra e máquina.

Sr. Presidente, nestas ocasiões, quando se homenageia alguém, eu sempre tenho por hábito evocar o meu passado e me posicionar frente às homenagens. Foi o que aconteceu por ocasião da homenagem ao 40° Aniversário da República Italiana.

Nós sempre temos o defeito de nos envolver pessoal e emocionalmente nessas homenagens. Pois eu me lembro exatamente do dia em que me declarei gremista. Eu morava em Ilópolis, uma cidadezinha muito pequena, na época uma vila. Meu pai me mandou estudar no internato dos Irmãos Maristas de Lageado e, no primeiro sábado resolvemos fazer um Grenal e eu me lembro que um amigo, que também estava internado e que vinha da Barra do Guaporé, no Município de Encantado, mas em frente à cidade de Muçum, e que se chamava Adamastor Vescovi, chegou e disse: Nico - meu apelido era Nico - qual é o teu time? Eu disse: sou do Grêmio, e desde aquela época fui, sou e continuo sendo gremista, inclusive possuo cadeira em seu estádio. Por isso que hoje, tenho muita satisfação em representar o meu partido, que é o Partido Socialista, como também o Partido dos Trabalhadores, e se me permitem, gostaria de tornar descontraído o meu pronunciamento e, evocar, já que represento a esquerda, com assento na Casa, um outro jogador, para mim foi um símbolo do Grêmio, e me vejo torcendo nas arquibancadas, porque a ponta esquerda, imbatível do Grêmio, era representada pelo Volmir, o famoso Volmir Massaroca, que inventou a meia-lua com toque de calcanhar. Gravamos certos fatos e nunca mais esquecemos. Eu não conheço mais time nenhum hoje, mas sei que o Mazaropi é o goleiro do Grêmio, e outros jogadores, o Tita, lá sei eu, eu engasgaria, estou em outra época onde não tenho mais tempo de assistir televisão, nem de ir ao campo (mas vou retornar Obino). Parte do time do final da década de 1940 está, indelevelmente, gravada em minha memória: Hugo, Clarel e Joni; Jorge, Touguinha e Sanguinetti, não sei mais continuar, mas esses seis eu jamais esqueci. Como não esqueci o Geada, o Airton, o Ortunho, o Elton, o Alemão de Roca Sales, o Paulo Lobumba e tantos outros. Tenho orgulho de ser gremista, tenho orgulho de ser amigo do Paulo Odone, do Obino, e de tantos Presidentes do Grêmio, mas, acima de tudo, tenho uma tristeza, mas tenho dois orgulhos que para mim são o apanágio do futebol gremista. Um deles quero relembrar aqui, porque realmente é meu amigo, uma pessoa que eu prezo, que se chama Renato Souza. Uma vez eu participei da política interna do Grêmio, como Renato Souza e outro, evidentemente que eu não poderia esquecer e que foi aquele que nos levou ao Grêmio ser campeão da América e campeão do mundo, que é o meu íntimo amigo e fraternal irmão Fábio Koff. Por isso, Sr. Presidente, eu sinto orgulho deste time. E tem razão o Ver. Edi Morelli, eles, os outros, jamais chegarão ao estrelato, por mais força que façam. Jamais serão campeões do mundo, sequer das Américas.

Mas, Sr. Presidente, meu prezado amigo Paulo Odone, eu estou engasgado. É que uma vez nós fomos campeões seis vezes, seis vezes sem parar e depois sete vezes sem parar. Foram 13 vezes, mas houve um hiato no meio desses 13 anos. E eles, Sr. Presidente, foram oito vezes campeões. Mas nós, prezado técnico, já somos campeões cinco vezes. Já somos pentacampeões. Tenha certeza que seremos hexa, hepta, e octa campeão. Eu não tenho dúvida que isto haverá de ocorrer com estes jogadores que são o patrimônio e a glória de hoje e com os dirigentes que tanta satisfação deram para todos nós.

Eu confio nos atuais dirigentes, técnicos e administradores do Grêmio e confio também nos nossos jogadores, eles haverão de conseguir o título que ainda nos falta. Em breve o Grêmio será octa, nona e decacampeão, quanto a isto não tenho dúvida. Sou grato. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós gostaríamos de registrar a presença de Túlio Macedo, Raul Régis e Luiz Carlos Silveira Martins. Prazer em recebê-los. Com a palavra, o autor da proposição, Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, eu me permito quebrar o protocolo e não repetir novamente a nominata que compõe a Mesa, e simplesmente dizer meus amigos gremistas.

Eu falo em nome do Partido Liberal e do Partido Comunista Brasileiro, já que fui honrado com esta distinção pelo Líder do Partido Comunista Brasileiro, nesta Casa, o Ver. Lauro Hagemann.

Eu quero iniciar as minhas palavras fazendo uma reflexão sobre a palavra demagogia. Demagogia disse que é hipocrisia, que é impostura, que é fingimento, que é falsidade, que é retórica, que é engodo e é adulação. Eu quero também dizer que quando está prática é feita ela denigre uma atividade e, um dos motivos, creio eu, que colocou numa pesquisa que foi feita recentemente, a descrença na atividade política é certamente porque alguns políticos praticam a demagogia, entretanto nós também devemos saber que na política existe muito de verdadeiro, muito de real, muito do sincero, muito de coisas procedentes e consubstanciais. Aqui e agora, neste momento existe o real, o verdadeiro, o sincero divorciado que eu falei do prólogo, divorciado da demagogia, porque é uma homenagem feita por um colorado? Sim, eu sou colorado, mas estou divorciado, estou distanciado, estou totalmente despido de qualquer ato de demagogia senão vejamos: onde estamos? Estamos no Parlamento da Capital do Estado do Rio Grande do Sul, que poder é este? O Poder Legislativo da Capital do Estado, o Poder Legislativo de Porto Alegre. O que representa este poder? Na essência e na alma da democracia é a democracia representativa. Nós somos 33 Vereadores. Estamos com assento neste monumento erigido em defesa da sacrossanta democracia. Somos 33 que representamos Porto Alegre. Eu sou 1 dos 33 e eu represento uma parcela do povo de Porto Alegre legitimamente ascendido a esta Câmara pelo ato do voto secreto e universal. Eu represento colorados e gremistas. Não sou Vereador dos colorados, sou Vereador dos colorados, dos gremistas, dos zequinhas, dos cruzeiristas, e para provar isto, aquelas pessoas que se envolveram com muita vontade na minha campanha são gremistas. Não precisamos ir longe. Aqui está o meu pai Bonifácio dos Santos e minha mãe; gremistas que trabalharam como poucos para que eu viesse até esta Casa, ao Poder Legislativo de Porto Alegre. Vou dar outro exemplo: a minha chefe de Gabinete, minha cabo eleitoral é gremista; meu outro assessor, o Cláudio, é gremista; um dos mais aficionado, entusiasta gremista chama-se Lauro Nilo Birck, meu assessor que está lá. Então vejam a autenticidade de Paulo Odone, Flávio Obino, gremistas, Rafael, Cláudio, Tio Biteca, isto é autêntico, é real e é verdadeiro. Eu, um Vereador que tem toda a simpatia pelas hostes coloradas, pelas hostes vermelho e branco, fui autor, subscrevi o Requerimento pleiteando esta Sessão Solene que foi aprovada por unanimidade desta Casa. Outro fato: eu queria fazer uma homenagem ao esporte, porque eu não sei se já não nasci jogando futebol, porque a minha vida é totalmente envolvida na prática de esportes, especialmente o futebol e o futebol de salão. Talvez não seja um craque, mas tenho consciência que cabeça de bagre também não sou. Na verdade tenho algumas décadas de diuturno exercício, especialmente no futebol. A história de Porto Alegre, a história de uma cidade, de um estado, de um país, é feita de uma multiplicidade de coisas que entram nessa contextura, e a história de Porto Alegre é escrita também pelo esporte. Aqui estou fechando o raciocínio lógico, porque o Grêmio representa o povo na sua aderência mais próxima? Representa Porto Alegre, aquilo que eu represento. Então, ao querer fazer uma homenagem ao esporte estamos divorciados da demagogia, da retórica e da falsidade, é autêntico porque é uma homenagem de um Vereador de Porto Alegre ao que começa em Porto Alegre, que é o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Então vejam, repito isso para que fique marcado de forma indelével, porque quando o Grêmio sai daqui e, no campeonato regional, vai para o interior, onde ele leva no gol Mazaropi, na zaga o Edinho, leva também uma contextura daqui de Porto Alegre, porque leva a fibra, a competência, a inteligência dos diretores e na representação dos seus funcionários com a Ema, Secretária Geral do Grêmio, que está aqui. Agora, quando vão para Caxias, no Alfredo Jaconi, no Centenário, em Pelotas, Vacaria, levam de forma consciente e inconsciente, a bandeira desfraldada, além da bandeira tricolor a bandeira de Porto Alegre.

Por isso que o Vereador quis homenagear o esporte, mas quem? Em evidência está o Grêmio, são cinco anos consecutivos em que o esporte que mexe com a massa do Rio Grande do Sul ao chegar no fim do ano dá Grêmio. Eu não estou com inveja, em absoluto e vou provar isso. Quando o Grêmio disputa o campeonato brasileiro, está lá no Arruda, na Fonte Nova, no Maracanã, consciente ou inconscientemente é Porto Alegre, é o Rio Grande do Sul que está lá; levam a representatividade dos Vereadores de Porto Alegre, do povo de Porto Alegre, quer sejam gremistas ou colorados, porque é Porto Alegre que se sobressai neste momento e uma coisa que é importante que eu quero frisar é que o esporte porto-alegrense e o gaúcho é um exemplo pela sua garra, pelo seu denodo, pela sua força, associado a um cavalheirismo e uma disciplina invejável e isso eu tenho consciência pelo espírito observador que tenho do esporte, quer no cenário nacional ou o cenário mundial porque sou ligado a ele.

Então vejam, esse exemplo está estampado na bandeira brasileira, na atuação da seleção brasileira, senão vejamos, nós temos lá no gol um Tafarel que é gaúcho, nós temos um Mauro Galvão que representa também o nosso esporte, também gaúcho, atuando com aquela competência de um libero, nós temos um gaúcho de Bagé na lateral esquerda que enche os olhos que é o Branco, nós temos no meio-campo aquele gaúcho adotivo que se criou nos hostes gremistas que é o Valdo e nós temos um outro gaúcho de Erechim que é o Dunga, que é um exemplo de raça, de sangue, de vibração e para vocês sabem que encarna em ti Edinho, em ti Mazaropi, que hoje estão militando no esporte gaúcho eu puxo até e evoco as palavras do poeta gaúcho e eu até diria até nas palavras de Jaime Caetano Braum, que diz assim: “Valente galo de briga, guasca vestido de penas, quando arrastas as chilenas no tambor do rinhadeiro, no teu ímpeto guerreiro eu vejo um gaúcho avançando, ensangüentado, peleando, no calor do entrevero e assim como tu lutas frente a frente peito nu, lutou também o xirú na conquista deste chão e como tu sem paixão, em silêncio, ferro a ferro, ele cai sem dar um berro de lança firme na mão. Pois eu evoco neste teu sangue que brota rubro e selvagem e que respinga na serragem do teu peito descoberto o guasca no campo aberto quando riscava os atalhos do nosso destino incerto. Destendeu como o gaúcho que jamais dobra o penacho esta altivez de índio macho que ostenta já quando pinto, mas a diferença que sinto é que o gaúcho bem ou mal luta por um ideal e tu pinto, tu lutas por instinto. É por isso que numa rinha eu contigo sofro junto e ao te ver quase defunto, de arrasto, quebrado e cego, como quem diz não me entrego, sou galo, morro e não grito, cumprindo o fado maldito que desde a casca carrego e ao te ver morrer peleando, sem dar e nem pedir quartel, rude gaúcho emplumado, eu meio triste encabulado mil vezes me perguntei porque é que não me boliei para morrer no teu costado, porque na rinha da vida já me bastava o empate, pois cheguei no arremate quebrado, sem bico e torto, mas me resta um conforto como a ti galo de rinha que se alguém quebrar a minha espinha como gaúcho a de ser depois de morto.”

Por isso essa homenagem a esses atletas de raça, mesmo aqueles que não nasceram aqui, quando entram aqui encarnam essa raça e se vê o Mazaropi com toda aquela sua vibração em campo com aquele sinal, orquestrando aquela torcida que se inflama, isso é vibração, porque saúdo também o Grêmio nos seus atletas, na sua direção, porque sou um Liberal também, e um Liberal distante dessa garra do gigante estatal está a iniciativa privada, a livre iniciativa, onde estão os magnetizados porque a natureza nos fez seres humanos iguais perante nós, entre nós em dignidade, mas a natureza não nos fez iguais no aflorar e na prática das nossas potencialidades tais como: a inteligência, a energia pessoal, o entusiasmo, a vibração, a garra, isso é o que nos faz diferentes. Isso nos torna grande, existem pessoas magnetizadas e desmagnetizadas, um pedaço de aço magnetizado ergue cerca de 10 vezes o peso do seu próprio corpo, um aço desmagnetizado não ergue sequer uma pena de galinha. Por isso que saúdo a competência do Grêmio nos seus dirigentes porque são magnetizados, são competentes, têm vibração e os seus funcionários, na pessoa da Secretária Geral Ema, porque trabalham com denodo.

Gostaria de solicitar ao Enio Rockembach que alcançasse os mimos que estão ali.

Quero pedir a Srª Verª Letícia Arruda que entregasse umas flores à Secretária Geral do Grêmio, a Srª Ema, representando a homenagem do povo de Porto Alegre e desta Casa aos funcionários do Grêmio.

 

(A Srª Letícia Arruda faz a entrega das flores.)

 

O SR. WILSON SANTOS: Quero pedir ao nosso Presidente da Casa que entregue ao Presidente do Grêmio um diploma representando o respeito e admiração pela competência da Direção Gremista.

 

(O Sr. Presidente faz a entrega do Diploma.)

 

O SR. WILSON SANTOS: Vou pedir ao Ver. Gremista Omar Ferri, que faça a entrega ao Mazaropi de uma singela lembrança, porque aqui não é Casa dos marajás que estão propagados por aí, no mundo político, estamos construindo esta Casa com muitas dificuldades, com mão de obra até de funcionários. E vamos entregar uma modesta faquinha, mas que leva o emblema da Câmara, uma lembrança de Porto Alegre, para que mostre aos atletas o singelo mas grandioso carinho desta Casa para com os atletas do Grêmio.

 

(O Sr. Omar Ferri faz a entrega da faca.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Wilson Santos, quebrando o protocolo, pedindo um aparte, quero dizer que estamos providenciando uma outra homenagem para o nosso 4º zagueiro Edinho, através de uma faca, pois um guerreiro não pode ficar sem a faca.

O SR. WILSON SANTOS: Acolho o aparte, porque nós pensamos em escolher um atleta, pois não poderíamos mandar 30 ou 40 facas para lá, mas de qualquer maneira vamos corrigir uma injustiça pois tem dois atletas e eu vou pedir ao Ver. Ciro, outro gremista, que dê uma demonstração de que conhece toda a história do Grêmio, pelo menos a história do Grêmio que ele contou desde a baixada, mas é um colorado que vai entregar ao Edinho esta outra faca.

E é evidente que quando o Grêmio saiu das fronteiras do País e numa taça que é campeonato já a nível internacional, conquistou a Libertadores da América, levava a nossa representatividade e naquele memorável dia 11 de dezembro de 1983 em Tóquio, ante ao time do Hamburgo, o mundo se curvou diante do futebol de Porto Alegre representado pelo Grêmio. Vejam que eu estou sendo coerente com o Prolo, é real, é verdadeiro, é autêntica a homenagem. E porque eu disse que não é inveja, porque eu vou agora dar uma de sociólogo sem canudo. Eu acho que existe a interação social e a humanidade tem que evoluir pelas virtudes e não pelos defeitos. Jamais vamos grasnar funero agora sobre o Grêmio para que o Grêmio seja pequeno ou tenha defeitos para que o Internacional possa ser grande. Nós queremos que vocês sejam cada vez maiores para que nós venhamos, nós colorados, suplantá-los na qualidade. E este dia chegará para a glória de Porto Alegre, e na alternância, que se alterne Grêmio e Internacional, porque nós viveremos vários séculos e eu sei que estará aí Grêmio e Internacional se alternando, mas disputando em virtudes e não nivelando por baixo, então sendo honesto eu chego a pedir a Virgem Maria, primeira prenda do céu, com seu manto azul, por uma ironia divina que clareie a trilha onde segue esta procissão gremista. Eu peço a São Pedro que é capataz de toda essa estância gaúcha que ilumine o Grêmio para que ele galgue cada vez mais patamares de competência e eficiência. Um grande abraço Grêmio, meu co-irmão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Paulo Odone de Araújo Ribeiro, Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

 

O SR. PAULO ODONE DE ARAÚJO RIBEIRO: Exmo Sr. Presidente Valdir Fraga, Ver. Wilson Santos, que foi o caríssimo autor dessa homenagem ao Grêmio; Srs. Vereadores; Senhoras e Senhores, meus amigos do Grêmio.

Custou-me, Sr. Presidente, pelas poucas vezes em que exerci o ofício de representar a comunidade gremista, uma posição de constrangimento. Constrangimento, porque quando recebi da nossa caríssima Dona Ema o gentil convite para participar desta homenagem que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, da nossa Cidade, prestava ao nosso Grêmio, imaginava que esta Câmara, apenas inseria no seu cotidiano dos trabalhos, quem sabe, uma referência ao título que simplesmente o Grêmio alcançava no pentacampeonato.

Viemos assim mesmo, porque há três anos, pelo menos, na Presidência do Grêmio, e não havia sido ainda o meu clube de tal forma honrado e contemplado com homenagem de tal porte, principalmente saindo do seio mais representativo da nossa comunidade que é o Poder Legislativo, que para mim é como se a minha própria Cidade estivesse presente, com todos os seus segmentos e pensamentos a render homenagem ao nosso Clube.

E tratamos, Sr. Presidente, de vir aqui a nossa família inteira, está aqui o Presidente do Clube, o Presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio. O representante de todo os nossos ex-Presidentes do Conselho Consultivo, Sr. Hermínio Bittencourth, está o Vice-Presidente de futebol que culminou o campeonato com o título; o Vice-Presidente de futebol que iniciou a conquista do título. Estão aqui os meus companheiros de diretoria. Está a Dona Ema que é a Secretária Geral do nosso clube, os profissionais que hoje vestem a camiseta do Grêmio com o mais profundo respeito profissional e porque não a paixão e o amor profissional. Seu treinador que para nós, público, é a cabeça da equipe, o Cláudio, e todos os atletas que são o núcleo disto, que movem a paixão do nosso torcedor, representando por seu capitão. Já a figura que se perpetua na História do Grêmio, que é o Mazaropi, e por um atleta que veio ao Grêmio, exclusivamente profissional e que aqui comprou a equipe gremista, e que aqui foi comprado pelo seu novo clube, que é o Edinho. E mais do que isto, pela solidariedade dos nossos ex-atletas que vivenciam e dão perenidade a isto que é a paixão gremista. E por isso Zequinha que representa os ex-atletas e agora junto com o Alberto, e mais do que isto, presentes aqui os representantes das nossas torcidas organizadas.

Então, a família gremista veio à homenagem que nos parecia apenas episódica no contexto, talvez de uma pauta trabalhosa como é a de todos os dias para esta Câmara. Eu estava a ouvir a manifestação dos caríssimos Vereadores que usaram da palavra, estava ali quieto a refletir e a pensar no sentido final desta homenagem. E ouvíamos fatos da história do Grêmio e a paixão do Grêmio e ouvimos referências pessoais da convivência de cada um e me dava conta de que a história do Grêmio é uma história que se entrelaça, é paralela, é como a história desta Câmara de Vereadores. É uma história de lutas, de embates, até mesmo de derrotas - não de fracassos, de derrotas que nos transformaram em entidades mais fortes, mais imbatíveis até. Esta Câmara aonde precipuamente se exerce plenamente os direitos democráticos passou, na sua história, certamente por momentos duros que abateram a plena liberdade deste exercício. O Grêmio passou por momentos duros, que certamente às vezes fizeram chorar a alma gremista, mas parece que como massa boa quanto mais se bate mais cresce, tanto esta Casa se fez maior e recebeu, ganhou e conquistou o respeito da sua comunidade, quanto o Grêmio cresceu e extrapolou de seus próprios limites, de onde este clube que é uma instituição forjada e feita pela comunidade poderia dizer que sem a tutela, sem o paternalismo sequer do Poder Público, mas com autonomia da paixão dos seus torcedores, de onde tal entidade do sul do Brasil, do sul da nossa pobre e combalida América Latina, do canto extremo do terceiro mundo, frágil, espoliado, economicamente incapaz de se impor no cenário internacional, de onde tal clube saiu das medidas da sua cidade, conquistou a do seu Estado, País e teve a grandeza de se ombrear com as grandes equipes da nossa América e chegar à taça Libertadores da América e ousou mais; ousou enfrentar o poder econômico de grandes equipes que, talvez, numa partida de futebol, arrecade mais do que o Grêmio num ano inteiro de futebol, porque esta é á realidade. E como ousou um clube como o Grêmio, que deveria ser pequeno e pobre, desta maneira enfrentar um forte economicamente como o Hamburgo, sequer incomparável, e chegar a conquistar o honrado título de Campeão do Mundo, visto, vivido, chorado de felicidade e de amor por toda a nossa comunidade.

Esta grandeza foi conquistada, Sr. Presidente, pelo Grêmio certamente, mas dentro de casa é preciso, dentro da nossa casa, do Grêmio, é preciso que ela seja transferida, não compartilhada, compartilhada nós fazemos com os nossos companheiros de diretoria, de conselho, de profissionais do Grêmio. Mas é preciso que esta homenagem seja transferida certamente a mais da metade da parcela do povo gaúcho porque foi com paixão deste torcedor que se construiu o Grêmio, Grêmio patrimônio, Grêmio que pertence à comunidade mais do que a si mesmo, foi esta paixão que construiu o Estádio Olímpico, foi esta paixão que deu os títulos ao Grêmio, foi esta paixão que deu respeito e grandeza ao Grêmio, foi esta paixão que forjou uma entidade que conquistou um profissional como Edinho, que já alcançou tudo que um profissional de futebol poderia alcançar na vida: foi vitorioso no Brasil, vitorioso em todos os pontos do futebol brasileiro, esteve na Europa, teve a sua realização profissional e, hoje, é um homem que está no Grêmio e veio com a sua família como quem veio para ficar e se declara feliz e engajado no Grêmio como o Assis que recém começou.

Essa conquista, Sr. Presidente, é feita pela paixão de um povo que vivencia dia a dia, mas paixão total que transcende ao seu autocontrole e se poderia dizer que essa paixão fosse tão somente o reflexo da alienação do nosso povo brasileiro, duvido! Pensasse assim e não estaria eu e, tenho certeza, muitos dos nossos companheiros envolvidos até a alma com o futebol. É essa paixão que o brasileiro tem pelas coisas do seu dia a dia e que elegeu por preferência aquilo que é sua manifestação cultural mais espontânea, o futebol, é essa paixão que se embebeu no dia a dia, que o fez escolher cores e que o fez torcer pelo Grêmio ou pelo Internacional, desde que lhe desse um sentido de luta. É essa paixão que move, da mesma forma que o faz mover-se na luta do dia a dia. No seu engajamento político exerce a sua razão crítica exacerbada nas suas lideranças, como nesta Casa no dia a dia. Na sua paixão transcendental ele transfere para os seus astros e luta, e cobra, e chora, e conquista e ri, e sonha e se frustra, mas além de tudo, ao cabo disso, se comprova que movido pela sua paixão ele lutou e ele construiu. Tenham certeza, o torcedor, do mais humilde ao maior, sabe, tem consciência e vivência que o Grêmio foi, e é construção sua, que o Grêmio não lhe é dado paternalisticamente, que não depende de uma ou outra liderança eventual, de um ou outro administrador, mas que este administrador antes da sua atitude paternalista há de ser cobrado, movido, impelido, por essa massa de paixão, que se difere de outras paixões porque é a realização mais amorosa que conheço, em termos de amor coletivo, é esta paixão amorosa entre o torcedor e suas cores. Não conheço nada mais amoroso, nada mais espontâneo do que aquele amor, aquela paixão do torcedor em cima da alegria que o Grêmio lhe dá uma vitória, a vitória é sua, ele ama no momento o seu ídolo, o Mazaropi, o Edinho e outros tantos, mas ele se enche de amor próprio, se enche de orgulho pessoal e ele aprende que aquilo é uma forma de luta porque ele construiu o Grêmio e me sensibiliza que esta Câmara homenageie o Grêmio porque não está a homenagear simplesmente um centro produtor de um refrigério de lazer, mas está a homenagear e a respeitar essa paixão que é o símbolo do nosso brasileiro e em que nosso Estado se define mais ainda porque esta paixão sempre aqui é uma paixão de luta. Necessita, porque historicamente assim viveu, necessita exercer a dialética da disputa para que cresça, para que se imponha. É preciso sentir, às vezes, o travo da eventual derrota para engrandecer a vitória e é por isso que é gremista, que enfrenta e desafia: aqui é o Internacional e é por isso que aprendeu a ter ousadia de chegar a um título mundial e é por isso que tem a ousadia de cobrar dos dirigentes, dos profissionais, que seja pentacampeão como foi, mas chega ao decacampeonato e que cobre para que se chegue de novo aos títulos internacionais e se depender de nós, que eventualmente neste momento representamos a família gremista, nós todos que estamos aqui: profissionais e dirigentes fique certo, Sr. Presidente, esta homenagem será correspondida, lamento pelos meus amigos colorados, mas nós haveremos de ensinar-lhes o caminho de vitórias futuras, quem sabe? Vamos certamente chegar ao desafio do decacampeonato, mas muito mais do que isso, queremos trazer para Porto Alegre o título Internacional de Campeão, super campeão da América ainda esse ano. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Imaginem se o Presidente não estivesse preparado para falar, uma beleza de pronunciamento. Está aí o encerramento, cumprimentamos os diretores, especial ao Cláudio, Madeira, Obino, Odone, Flávio, Dona Ema, a torcida, aos ex-atletas, a garra, estou visualizando alguns meninos que jogam futebol, não estava me dando conta porque que eles não jogavam à tarde, eles deixam o time mal, eles vão para a torcida, ao Mazaropi, Edinho nosso abraço, que essa garra continue, nós acompanhamos vocês há muito tempo aqui e no Rio Grande inteiro, assim como nós torcemos no Rio Grande pelo Valdir Espinosa no Botafogo, imaginem vocês quando estiverem aí de treinador, não fazendo sombra para o Cláudio, mas estiverem agindo em outras áreas, estaremos torcendo como estamos para o Valdir Espinosa. Registrado o Edinho da Udinese, da seleção, tu já mora no nosso coração, tu já é mais que gaúcho para nós assim como o Mazaropi que já ultrapassou essas barreiras. A garra do Grêmio, a dignidade do Grêmio, exemplo que está aqui na Mesa de ex-Presidente, não importa o cargo que estão ocupando. Isso é a grande família tricolor. Está aí o Régis junto conosco, junto com o Grêmio, numa demonstração de paixão, continuem apaixonados os Srs. dirigentes, atletas e torcida, porque o Grêmio vai ser e já é, cada vez maior, Campeão do Mundo, mas que volte este título, mas se não voltar o importante para nós é saber o que fazemos pela nossa equipe e por onde passamos, assim como nós Vereadores.

 

 

 

 

Está aí, ao encerrar o Hino, a nossa homenagem e a homenagem da nossa Cidade. Uma boa tarde a todos. Estão encerrados os trabalhos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(Levanta-se a Sessão às 18h53min.)

 

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